20 de março de 2008

Mãe, obrigado


Já fui tão pequeno quanto um grão de areia.

Já fui tão incômodo, nos primeiros momentos, como um incômodo grão de areia entre os dedos.

Já fui tão incômodo como muitos grãos de areia nos pés, na hora de calçar os sapatos, ao sair de um banho de mar.

Cresci a partir de você. Cresci por sua causa. Cresci pela tua ajuda tão íntima que cresci a partir de teus órgãos e por causa deles. Cresci sugando teu âmago. Mas como havia amor dentro de ti!

Não sabia como eras por fora, mas imaginava...

Fui sugando tuas entranhas! Fui absorvendo tudo que corria por tuas veias. O alimento que me fazia evoluir não poderia vir se não tivesses amor para me dar.

Fui tomando forma de humano. Fui crescendo dentro de ti. Passei a ser um incômodo para ti na medida que tua silhueta se modificava. Teus contornos passaram a se modificar por causa disto tudo.

E eu te amava.

E eu te queria tanto!

O tempo passava. Eu crescia. Minha ânsia de chegar ao mundo exterior era grande.

Já estava grande.

Chegou a hora.

Tudo aconteceu tão rápido!

De repente estava respirando outro ar. De repente estava fora de ti. De repente me tomaram de ti.

MÃE, senti falta de ti naqueles breves instantes em que estava nas mãos de um desconhecido. Mas logo, graças a Deus, pude sentir você.

Senti você de outro jeito. Senti você pelo lado de fora, pelo lado que eu não conhecia.

Foi um choque. Como poderia haver amor sem tanta dependência, pensava eu. Mas, outra vez, me enganei.

Tuas mãos carinhosas me abraçavam, me juntou contra teu peito. Teu primeiro beijo foi tão gostoso. Jamais poderia deixar de relembrá-lo pelo resto de minha passagem, apesar de o tempo apagar certas passagens de nossa vida.

Eu, hoje, de volta à Espiritualidade não poderia deixar de falar e a todas as outras MÃES deste período maravilhoso que convivem MÃE e filho.

Não poderia deixar de homenagear todas aquelas mulheres que receberam de papai do céu a grata missão de ser MÃE. Pena que muitas não entendam esta sublime missão.

MÃES de todos os mundos amem seus filhos, apesar de tudo que possam fazer.

MÃES de todos os mundos ensinem seus filhos, afastem eles dos perigos da vida terrena. Orientem aqueles rebeldes.

Amem a todos, até após o retorno deles à Espiritualidade.

Que nosso Pai maior possa sempre se alegrar com o desempenho das missões e que quando retornares à Espiritualidade possas te apresentar a Ele com o dever cumprido.


Texto publicado no livro: Histórias da Roça - 1ª edição - 2003
pelo espírito: Monteiro Lobato
na Casa de Catarina - RJ

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