5 de março de 2008

O padre


Um padre vestido de longa túnica marrom, tal qual um franciscano, caminha à beira da praia, des­calço. Tem à sua mão a pequenina mão de uma criança.

Caminham longos tempos em silêncio, chutando con­chas ora para o continente, ora para o mar.

Súbito, a criança pergunta ao sacerdote:

- padre, para que serve toda esta água?

- filho, disse-lhe o sacerdote, estas águas são parte da vontade de Deus para que possas viver em equilíbrio. A água faz parte da natureza para que possas caminhar e, sob calor, banhar-se, refrescar-se. Esta água serve também como caminho para outras partes. Esta água serve para manter vivos organismos que sobrevivem a partir do alimento que contêm. Esta água serve para que possa ser extraído o ali­mento que manterá vivos não só aquele que trabalha para retirá-lo como também aqueles que dele neces­sitam como alimento. Filho, se todos tivessem cons­ciência do que podem representar estas águas, te­riam mais carinho com ela de forma a não poluí-las. Estas águas deveriam manter-se limpas para maior benefício da humanidade.

Mais tarde, com os pés descalços, cobertos de areia, caminharam até encontrar uma mata densa. No­vamente o menino, entre árvores e outras manifesta­ções da natureza perguntou ao sacerdote:

- padre, para que servem as matas?

- ora, meu menino, as florestas também têm fun­ções semelhantes aos mares.

Desta mesma forma têm a missão de alimentar não só aquele que dela retira parte do seu corpo, mas também aqueles que ne­cessitam de suas partes para se alimentarem.

E assim, caminhando juntos, pararam de repente. Olhando para o céu o menino tornou a perguntar para o sacerdote:

- padre, para que serve o ar?

- já imaginaste se não houvesse ar para respira­res? Seria muito incômodo te manteres vivo desta forma. Por isto o Pai criou o ar, o mar e as flo­restas, para o sustento e para fornecer os alimen­tos necessários ao homem.

Ainda assim, resta a mais importante função do "céu". Servir de caminho de retorno para teu espí­rito para a eternidade.

E assim, retornaram a Espiritualidade...

Texto publicado no livro: Histórias da Roça - 1ª edição - 2003
pelo espírito: Monteiro Lobato
na Casa de Catarina - RJ

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