Desce uma luz azul sobre a casa pobre no topo do morro. É manhã cedo. 5 horas. O silêncio ainda toma conta do morro.
Luiza levanta. Olha pela janela e vê o sol nascer no horizonte. Volta-se para dentro e chama sua mãe para o trabalho.
Joana já não tem mais a companhia de Mário para o sustento do lar. Ele já retornou de sua jornada. Joana levanta-se. Cansada, dirige-se para junto de Luiza. Abraça-a e, juntas, permanecem algum tempo a olhar para o horizonte. De repente, como se tivesse tomado um choque elétrico, fala à filha:
- temos que cuidar de nossas vidas. Vamos lá!
Juntas retornam, uma à cozinha, a mãe, e outra ao pequenino banheiro, a filha. Enquanto a filha cuida de seu asseio matinal, a mãe prepara o que vem a ser o sustento alimentar de ambas.
Após estas tarefas cada uma segue seu destino diário. A mãe, para uma empresa no centro da cidade, onde trabalha como faxineira. A menina, para o colégio para aprendizado das primeiras letras.
Todos os dias, de segunda a sábado isto acontece. Juntas em suas caminhadas, cada uma busca a realização de suas tarefas sem rancor, sem se lastimar. Alegres, uma caminha até a escola e a mãe segue, ora a pé, ora em condução superlotada. Muitos não entendem esta vida.
Mas elas entendem, aceitam e por isto conseguem levar a cabo seu planejamento.
E Deus as abençoa todos os dias. E você?
Texto publicado no livro: Histórias da Roça - 1ª edição - 2003
pelo espírito: Monteiro Lobato
na Casa de Catarina - RJ
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