22 de abril de 2008

Receber é doar


Muitos têm caminhado até esta casa para pedir algo que julgam ser necessário em seu cotidiano.

Será que já pensaram que a melhor forma de receber aquilo que se deseja é estar doando-se para aqueles que menos têm que cada um de nós?

Quantos de vós preocupam-se com o fato de que tem sempre tido alguma coisa a dar a quem não tem e até o presente momento não esboçaram uma ínfima ação no sentido de doar?

Quantos de vocês, que têm filhos, têm por hábito doar às crianças necessitadas (tanto as em orfanato ou outras entidades do gênero quanto aquelas que perambulam pelas ruas)?

Quantos de vocês não cruzam nas ruas com meninas que, em idade ainda cedo, carregam em seu colo não uma boneca, mas um bebê? Todos que vêem esta situação julgam logo que tantas outras coisas aconteceram para chegar a este final.

Quantos de vocês pensaram na possibilidade, remota que seja, de que tal fato aconteceu pela não vivência por parte deles meninos das experiências tão comuns em tantos lares: amor, convivência, brinquedos, folguedos e outras atividades?

No entanto, cedo, tiveram que ter vida de adulto. Cedo tiveram que "brigar" pelo "pão-nosso-de-cada-dia".

No entanto, não tiveram amor de mãe e pai.

Cedo tiveram que morar na rua, pois nem lar nem teto tinham. Cedo tiveram de conviver com marginais. Cedo tiveram que aprender, em pouco tempo, a sobreviver junto a tantas maldades.

Estais, pois, amigos, no dever de analisar melhor estes fatos. Estais sendo cobrados, a partir de agora, a tomar a atitude de pensar nestes fatos. Quem sabe podereis começar a caritativamente ajudar estes irmãozinhos?

Quem sabe, a partir de agora, podereis começar a receber o que tanto esperas. Mas não penses que isto acontece rigorosamente nesta ordem: fazer e receber.

Esqueça a partir de agora o vocábulo receber. Apenas cuide do primeiro vocábulo.
Outros estarão olhando por ti e nada te faltará. Basta acreditares na força do Pai. Basta seguires os seus ensinamentos e que tua mão esquerda não saiba o que faz a mão direita e muito menos faça como os fariseus que alardeiam o que fazem.

Se queres fazer a caridade, faça-a com amor e em silêncio.


Texto publicado no livro: Histórias da Roça - 1ª edição - 2003
pelo espírito: Monteiro Lobato
na Casa de Catarina - RJ

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